O Split Payment é um dos temas mais comentados no cenário tributário brasileiro em 2025. Previsto nas etapas da Reforma Tributária, esse novo modelo de arrecadação promete mudar a forma como os impostos são recolhidos no país, tornando o processo mais rápido, transparente e automatizado.
A proposta tem como principal objetivo diminuir a sonegação fiscal e simplificar o pagamento de tributos, impactando diretamente a rotina das empresas e dos escritórios contábeis.
O termo Split Payment significa literalmente “pagamento dividido”. Na prática, ele representa um mecanismo de arrecadação automática, no qual o valor dos tributos é separado do valor da venda no exato momento em que a transação é realizada.
Assim, o empresário recebe apenas a parte líquida da operação, enquanto o montante referente aos impostos é repassado diretamente ao governo, sem necessidade de emissão posterior de guias ou declarações.
O conceito do Split Payment
O conceito do Split Payment baseia-se em um princípio simples: o dinheiro que pertence ao Fisco nunca passa pelas mãos da empresa.
Em vez disso, o sistema realiza automaticamente a retenção e o repasse do tributo. Esse modelo já é utilizado em diversos países da Europa e tem se mostrado eficiente para evitar atrasos, fraudes e inadimplência tributária.
A principal vantagem é que o processo elimina o risco de o empresário utilizar valores de impostos para cobrir custos do negócio.
Além disso, o governo passa a ter um controle mais preciso sobre a arrecadação, reduzindo a necessidade de fiscalizações e cruzamentos manuais de dados.
Funcionamento do Split Payment
O funcionamento do Split Payment está diretamente ligado à tecnologia. Quando uma empresa realiza uma venda, o sistema identifica o valor total da transação e calcula automaticamente a parcela que corresponde aos tributos devidos.
Em seguida, o valor é dividido: uma parte segue para a conta da empresa, e a outra vai diretamente para os cofres públicos.
Essa divisão será feita de forma automática por meio das plataformas de pagamento, que estarão conectadas à Receita Federal e aos órgãos estaduais e municipais. Dessa forma, os impostos como CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), criados pela reforma, serão recolhidos em tempo real, sem necessidade de geração de DARF, DCTF ou GNRE.
O modelo também prevê integração com notas fiscais eletrônicas (NFS-e e NF-e), o que significa que, a cada emissão, o sistema já identificará o tributo e direcionará a cobrança automaticamente.
Modalidades de Split Payment
O governo pretende implantar o sistema de forma gradual, em três modalidades de Split Payment.
A primeira será o Split Payment simplificado, voltado a pequenas empresas e operações com consumidores finais (B2C).
Nesse modelo, a separação dos valores ocorre de forma automática no momento do pagamento, principalmente em meios eletrônicos como Pix, cartão ou marketplaces.
A segunda modalidade é o Split Payment inteligente, que integra os sistemas fiscais e contábeis das empresas diretamente com o Fisco.
Nessa fase, a Receita Federal poderá acompanhar em tempo real o valor das operações, as alíquotas aplicadas e o destino de cada tributo. O sistema ainda permitirá compensações automáticas e cruzamento de informações fiscais, diminuindo erros humanos e autuações.
Por fim, há o Split Payment superinteligente, considerado o estágio mais avançado.
Ele utilizará inteligência artificial e análise preditiva de dados para identificar inconsistências, prevenir fraudes e ajustar cálculos automaticamente.
O sistema será capaz de aprender com o comportamento das empresas e aplicar regras fiscais específicas, tornando o recolhimento totalmente automatizado.
Vantagens do Split Payment
A implementação do Split Payment trará benefícios tanto para o governo quanto para as empresas.
Entre os principais, estão a eliminação da inadimplência tributária, já que os impostos serão retidos automaticamente, e a redução de burocracias, com menos tempo gasto na apuração e pagamento de tributos.
O modelo também favorece o planejamento financeiro, pois o empresário saberá exatamente quanto entrará no caixa líquido após cada venda. Com isso, há mais previsibilidade e controle sobre os resultados do negócio.
Além disso, o Split Payment inteligente tende a gerar ganhos de produtividade para os escritórios de contabilidade, permitindo que o contador dedique menos tempo a tarefas operacionais e mais tempo a atividades consultivas e estratégicas.
Desafios e impactos do Split Payment
Apesar dos avanços, a implementação do Split Payment traz desafios. O primeiro é a adaptação tecnológica: as empresas precisarão atualizar seus sistemas de gestão e integrar seus meios de pagamento ao ambiente digital da Receita Federal.
Outro ponto de atenção é o impacto no fluxo de caixa. Atualmente, muitos negócios utilizam o intervalo entre o faturamento e o pagamento dos tributos para equilibrar as finanças.
Com o recolhimento instantâneo, esse prazo deixa de existir, exigindo maior planejamento financeiro e capital de giro.
Há também questões relacionadas à segurança cibernética e proteção de dados, uma vez que o sistema demandará troca constante de informações entre empresas, bancos e o governo. Por isso, o uso de criptografia, autenticação digital e monitoramento constante será essencial.
O papel da contabilidade no Split Payment
Com o Split Payment, a contabilidade deixará de ser uma área puramente operacional e passará a ter um papel ainda mais estratégico.
O contador será responsável por interpretar dados, orientar decisões e ajudar as empresas a se manterem em conformidade com o novo sistema.
A automação do recolhimento não elimina a necessidade do acompanhamento contábil, pelo contrário, aumenta a importância de uma gestão tributária eficiente.
O contador precisará revisar cadastros, conferir classificações fiscais e garantir que as operações estejam enquadradas corretamente para evitar erros automáticos do sistema.
Além disso, será fundamental desenvolver relatórios de controle e realizar simulações periódicas para avaliar o impacto das retenções automáticas sobre a rentabilidade e o fluxo de caixa.
Split Payment e o futuro da arrecadação
O Split Payment faz parte de uma tendência global de digitalização e automação fiscal.
No Brasil, ele complementará outras iniciativas, como a Nota Fiscal de Serviços Nacional (NFS-e Nacional) e o Domicílio Tributário Eletrônico (DTE), que já estão tornando o ambiente de negócios mais integrado e tecnológico.
Com a previsão de entrada em vigor entre 2026 e 2027, o sistema deve começar pelos setores de maior movimentação financeira, como varejo, serviços e e-commerce, e depois se expandir para os demais segmentos.
O modelo promete aumentar a eficiência do Fisco, reduzir custos de compliance para as empresas e criar um ambiente mais justo, em que todos recolhem os tributos de forma automática e proporcional.
Conclusão
O Split Payment representa uma revolução na forma de arrecadação tributária no Brasil.
Ao compreender o conceito do Split Payment, seu funcionamento e as modalidades, simplificada, inteligente e super inteligente, fica claro que o país caminha para um sistema mais digital, seguro e eficiente.
As empresas precisam se preparar desde já para essa transformação, modernizando seus processos e contando com o apoio de contadores especializados em tecnologia fiscal.
A Já Calculei Contabilidade acompanha de perto as mudanças da Reforma Tributária e está pronta para ajudar seu negócio a se adaptar ao Split Payment, garantindo conformidade, eficiência e economia.
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